Pâo de Açúcar

Aos pés dessa magnífica rocha maciça de gnaisse (rocha de origem metamórfica, resultante da deformação de sedimentos arcósicos ou de granitos), tudo começou. Ali, entre os morros Pão de Açúcar e Cara de Cão, Estácio de Sá desembarcou em 1o de março de 1565 e criou o núcleo original da cidade maravilhosa, transferido dois anos depois, após a derrota definitiva dos franceses e seus aliados tamoios, para o alto do Morro do Castelo.
 

Segundo o historiador Vieira Fazenda, foram os portugueses que deram esse nome a rocha. Durante o apogeu do cultivo da cana-de-açúcar no Brasil (século XVI e XVII). Conta que após a cana ser espremida e o caldo fervido e apurado, os blocos de açúcar eram colocados em uma forma de barro cônica, denominada pão de açúcar, para serrem transportados até a Europa. A semelhança do penhasco carioca com aquela forma de barro teria originado o seu nome. O penedo teve ao correr do tempo, cronologicamente, os seguintes nomes:

“Pau-nh-açuquã” da língua Tupi, dado pelos Tamoios, os primitivos habitantes da Baía de Guanabara, significando “morro alto, isolado e pontudo”; “Pot de beurre” dado pelos franceses invasores da primeira leva; “Pão de Sucar” dado pelos primeiros colonizadores portugueses; “Pot de Sucre” dado pelos franceses invasores da segunda leva. Ortograficamente, segundo a anterior ortografia da Língua Portuguesa, “Pão de Assucar”, era com ss.

 

O nome Pão de Açúcar generalizou-se, a partir da segunda metade do século XIX, quando o Rio de Janeiro recebeu as missões artísticas do desenhista e pintor alemão Johann Moritz Rugendas e do artista gráfico francês Jean Baptiste Debret que, em magníficos desenhos e gravuras, exaltaram a beleza do Pão de Açúcar.



 
 
Endereço da estação do bondinho: Avenida Pasteur, 520  (Urca - ver mapa abaixo).
 
Telefone: (21) 2546-8400
 
 
Preço: Adultos pagam R$62,00. Crianças abaixo de 6 anos a entrada é gratuita, dos 6 aos 21 anos pagam R$ 31,00. Idosos, estudantes e portadores de necessidades especiais tem desconto.
 
Horário da bilheteria: Diariamente, 8h às 19h50. O último bondinho do Pão de Açúcar para o Morro da Urca parte às 20h40 e deste para a Praia Vermelha às 21h.
 
Como chegar: Partindo de nosso apartamento, pegue o ônibus circular 511 (Urca-Leblon via Jóquei). Se gosta de caminhar, saiba que dá para ir a pé até a Urca. Veja adiante em Caminhando de Copacabana à Urca.
 
Em 1817 a inglesa Henrietta Carstairs fez a primeira escalada ao Pão de Açúcar, historicamente comprovada, hasteando no alto a bandeira britânica. Diz-se que, no dia seguinte, um soldado português arrancou-a e a substituiu pela bandeira de seu país. Já a primeira subida coletiva foi do norte-americano John Burdell em 31 de outubro de 1851, acompanhado de dez pessoas.

O engenheiro brasileiro Augusto Ferreira Ramos, que participava da coordenação da Exposição de 1908 comemorativa do Centenário da Abertura dos Portos, foi quem teve a ideia visionária de um caminho aéreo para o alto do Pão de Açúcar. A Prefeitura autorizou-o, junto com o industrial Manoel Antonio Galvão e o Comendador Fridolino Cardoso, a construírem e explorarem por trinta anos um caminho aéreo da Praia Vermelha até o Morro da Urca e, de lá, ao Pão de Açúcar e Morro da Babilônia (que separa a Urca do Leme — este último trecho nunca foi construído). Projeto muito ousado para época, onde o
perários tiveram que fazer perigosas escaladas para levar ao alto dos morros toneladas de materiais. Sem dúvida foi uma grande vitória da engenharia nacional!

O trecho inicial, da Praia Vermelha ao Morro da Urca, cobrindo uma distância de 575 metros e subindo a 220 metros, foi inaugurado em 25 de outubro de 1912. O segundo trecho, do Morro da Urca ao Pão de Açúcar, com uma extensão de 750 metros e chegando a uma altitude de 396 metros, foi inaugurado em 18 de janeiro de 1913 (informações de extensões e alturas obtidas no site do Caminho Aéreo Pão de Açúcar). 

No início dos anos 70, o sistema foi modernizado, e os bondinhos antigos foram substituídos por novos, com capacidade para mais passageiros, visão panorâmica e velocidade maior. No alto do Morro da Urca existe uma exposição permanente (o “Cocuruto”) que conta a história do bondinho. Uma curiosidade: cenas de 007 contra o Foguete da Morte, de 1979, foram filmadas no Pão de Açúcar, incluindo uma luta em pleno teleférico.


O bondinho do Pão de Açúcar é considerado um dos mais seguros do mundo. Qualquer anormalidade (por exemplo, ventos excessivos, porta mal fechada etc.) impedem a sua saída e se faltar luz, entra em ação um gerador. 
 
Não deixem de fazer esse passeio maravilhoso. Planeje a sua subida ao Pão de Açúcar de modo que, na volta, você pegue o anoitecer do alto do Morro da Urca. A visão da cidade com todas as luzes gradualmente se acendendo é linda. No inverno anoitece em torno das seis da tarde e no verão, oito da noite.
 
 
 
Aproveite os arredores (ver Link acima):

Já que você veio até a Urca, dê uma volta pelas imediações da estação do bondinho antes de embarcar (caso pretenda pegar o anoitecer lá do alto) ou depois da emocionante viagem:

Praça General Tibúrcio: O nome da praça é uma homenagem a um herói da Guerra do Paraguai. No centro da praça ergue-se um imponente monumento dedicado aos heróis de Dourados e Laguna.


Praia Vermelha: Esta praia, que não é oceânica, encontra-se na entrada da Baía da Guanabara. Procure a estátua de bronze de Chopin que a comunidade de poloneses radicados no Rio, revoltada com a destruição da estátua similar pelos nazistas em Varsóvia, encomendou ao escultor nascido na Polônia e radicado no Brasil August Zamoyski em 1939. Originalmente ficava defronte ao Teatro Municipal.


Pista Cláudio Coutinho (também conhecida como Caminho do Bem-Te-Vi): Uma simpática e bucólica trilha que se estende pela base do Morro da Urca com extensão de 1,25 quilômetro (ida e volta são dois quilômetros e meio, uma boa caminhada!) Vale a pena fazer tranquilamente o percurso, sentindo o barulho do mar abaixo, a imponência da montanha acima, o frescor da vegetação, ouvindo os passarinhos, curtindo a bela paisagem e, se tiver sorte, deparando com um ou outro miquinho pulando pelas árvores. De lá parte uma trilha que dá acesso ao alto do morro.

Caminhando de Copacabana até a Urca

Se você gosta de caminhar, pode ir a pé de Copacabana à Urca. O caminho (ver Link acima): suba a Avenida Princesa Isabel pelo lado par (o lado direito), atravesse o túnel, passe pelo Shopping Rio Sul e pegue a Av. Venceslau Brás à direita. Em frente à sede do Botafogo do outro lado da rua, observe o Manequinho (ver mapa), o menininho urinando, mascote do Botafogo, estátua de bronze de Belmiro de Almeida inspirada no (mas não idêntica ao) Manneken Piss de Bruxelas. Dobre a direita, na Av. Pasteur, e siga até o fim. O percurso tem 2,6 quilômetros. 

Na Av. Pasteur você passará por alguns prédios históricos muito interessantes tombados pelo patrimônio histórico, entre eles (ver mapa):


No 250 - Palácio Universitário: Antigo Hospício de Alienados D. Pedro II, em 1949 transformou-se em reitoria e faculdades da antiga Universidade do Brasil, atual UFRJ. Estilo neoclássico. Observe o gradil de ferro das Fundições Val d’Osne na França, que originalmente ficava no Campo de Santana. Recentemente sofreu um incêndio.
Uma curiosidade: no capítulo V de O Triste Fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto menciona o tal hospício: “Só o nome da casa metia medo. O hospício! É assim como uma sepultura em vida, um semienterramento, enterramento do espírito, da razão condutora, de cuja ausência os corpos raramente se ressentem. [...] Com que terror, uma espécie de pavor de cousa sobrenatural, espanto de inimigo invisível e onipresente, não ouvia a gente pobre referir-se ao estabelecimento da praia das Saudades!” Que praia é essa? perguntará você, ao passar por lá e não ver praia nenhuma. Pois é, a praia existia, do outro lado da rua, onde hoje você vê o muro do Iate Clube!


No 350 - Instituto Benjamim Constant: Tradicional instituição de ensino para deficientes visuais, “criado pelo Imperador D.Pedro II através do Decreto Imperial n.º 1.428, de 12 de setembro de 1854, tendo sido inaugurado, solenemente, no dia 17 de setembro do mesmo ano, na presença do Imperador, da Imperatriz e de todo o Ministério, com o nome de Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Este foi o primeiro passo concreto no Brasil para garantir ao cego o direito à cidadania.”, segundo o site do Instituto.

No 404 - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais: O prédio em estilo neoclássico foi construído para abrigar o Palácio dos Estados da Exposição Nacional de 1908. Único remanescente dessa exposição comemorativa do centenário da abertura dos portos, já que os demais pavilhões foram demolidos. Vale a pena entrar para ver a escadaria, claraboia e visitar (ainda que rapidinho) o Museu de Ciências da Terra.